No bar do Osama
Lá estávamos, os quatro: Eu, Adilson, Marcos e Geraldo.
Olhando um para o outro sem saber o que fazer ou mesmo falar. Estávamos bêbados na mesa do bar do Osama no Clima “Bom”. Quando de repente o Marcos faz um barulho:
- Cchhiiiiii...
- Mas ninguém ta falando nada! Exclama o Geraldo.
-Eu sei, foi só para dar um toque dramático a situação.
Naquela altura do dia as mais de 20 cervejas estavam fazendo efeito. Isso era comprovado com as constantes retomadas, mudanças repentinas de assunto e até mesmo momentos de silêncio intermináveis que eram interrompidos sempre do mesmo jeito:
-Estais pensando em que doutor? Geraldo tem essa mania de chama a gente de Doutor.
Dessa vez foi o Adilson que introduziu um assunto de grande importância naquela mesa redonda. A mesa do bar era redonda mesmo.
- Bom mesmo eram os filmes de ação do Stallone nos anos 80.
- Eu confesso sou fã do Stallone! Foi à primeira coisa que me veio à cabeça para dar continuidade à conversa. Eu sou fã mesmo.
- E aquelas frases de efeito que o homi dizia...
- Era mesmo. Eram cada frase da boba
- ASTA LA VISTA BABY!
A lixa foi geral no Marcos nessa hora.
- Quem disse isso foi o Schwezeneger animal.
O Marcos sempre foi desligado mesmo. Outro dia desses a gente discutia sobre Rock e a pergunta foi: Qual o melhor disco que você comprou? E ele disse que não sabia, pois só comprava os álbuns porque achava bonito ver os caras das bandas de motocycletas e bandanas na cabeça. É um animal mesmo.
Naquele momento começa a competição casual de frases ditas pelo Stallone em seus filmes:
- O crime é uma doença, eu sou a cura! Eu gritei logo a minha preferida e a única que eu lembrava no momento. Eu sempre digo essa mesmo.
- Deus teria piedade de você, Rambo não terá.
- Hey Adilson quem disse isso foi o coronel Trautman, não foi o Rambo.
- Mas foi sobre o Rambo.
- E vale assim também é?
Outras cervejas foram se sucedendo e outras frases também:
- Quando se é estimulado, matar é como respirar...
- Eita bôba, essa é fera.
As frases do Stallone já se esgotavam, quando o filosofo do grupo o Geraldo soltou essa:
- Quando se é forte o bastante você pode vencer as batalhas sozinho.
- Em que filme tem essa frase?
- É. O Stallone disse isso? Questionaram Adilson e Marcos
- Oxe, disse não foi? Retrucou Geraldo, eu entrei de sopetão para ajudar o nosso filosofo:
- Se num disse deveria ter dito, porque é uma frase da bôba.
Outra vez o Marcos faz o barulho:
- Cchhiii...
- Drama de novo não.
- Não num é isso. Vocês não estão achando tudo muito calmo demais não?
Estava tudo muito quieto, o garçom desaparecera, a rua estava vazia, não tinha mais ninguém e já era noite. Só restavam nós quatro naquela mesa e uma escuridão imensa a nossa volta. Silêncio total.
- Estais pensando em que doutor?
Ao que Marcos responde a indagação de Geraldo com outra pergunta:
- Tá parecendo filme de Zumbis dos anos 80 né?
- É mesmo, já pensou se surge agora uma mulher, ou melhor, o cadáver de uma mulher gritando: eu quero miólos, eu quero miólos. Igualzinho no filme.
- Clássico. Esse é um clássico. Como era mesmo o nome do filme?
- Num lembro agora, só sei que era Zumbi para todos os lados.
- Foi mesmo. Eu só não entendi até hoje porque queriam só os miólos.
- Se eu fosse zumbi e encontrasse a Pámela Anderson eu iria gritar: Eu quero os peitões, eu quero os peitões.
Foi consenso geral, todos queriam os peitões da Pámela Anderson.
A essa altura do campeonato já havíamos filosofado sobre tudo: música, mulheres, famosos, guerra, futebol e o cinema, esse sempre ficava por último, era uma paixão em comum, talvez o único assunto que os quatro dominavam como poucos, principalmente quando todos estavam devidamente embriagados.
- Acho que eu já vou. Meu ônibus passa já. Eu disse.
- Oxe, que horas passa o ônibus? Perguntou o Adilson.
- Esse passa as 8:00 hs.
Já se aproximava das 8:00hs da noite e eu vinha dizendo que iria embora desde as 4:00hs.
- Eu também já vou.
- E eu também.
Geraldo e Marcos se levantaram meio desequilibrados. Adilson, o único solteiro da mesa, ainda tentou fazer com que ficássemos...
- Ta cedo, num deu nem tempo de falar de filme de índio.
- É mesmo, filme de índio é bom. Eu disse.
Daí o Geraldo se empolga e vem com mais essa:
- E o Karatê Kid? Daniel Larusso é fera ou num é?
- E o senhor Miaaagggiiiii. Grita o Marcos escandaloso como sempre.
Acabando com o clima nostálgico daquele momento.
- É... Fica para outro dia.
D. Fernando
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