O tempo vai passando e a modernidade vai corroendo tudo o que ver pela frente. Começou nas cidades grandes e chegou ao interior trazendo consigo tudo de bom e de ruim também.
Outro dia desses aqui em Santa Luzia do Norte assaltaram a venda de seu Toinho, quer dizer tentaram assaltar.
Seu Toinho é morador antigo da cidade, apegado aos costumes e mais apegado ainda a sua naturalidade santaluziense. Seu Toinho bate no peito e grita para quem quiser ouvir que é filho natural da terra, e como se isso fosse pouco ele completa que também é filho de coração de Santa Luzia do Norte.
- Isso é um assalto!
- É o que?
- Num to brincando, passa a grana.
- Logo se ver que você é um forasteiro safado.
- Um filho da terra não faria um negocio desse.
- Os filhos dessa terra não são ladrões e não faltam com o respeito aos mais velhos.
O ladrão estava imóvel. Não acreditava no que estava ouvindo.
- E digo mais!
- Eu me recuso a ser assaltado por um forasteiro. De novo não!
- Já basta esses que estão a ocupar os cargos eletivos de nosso município.
- Enquanto eles usam a caneta para nos roubar, você me vem com esse revolver.
- Tudo igual, são ladrões do mesmo jeito, e o pior são forasteiros.
- Chegam aqui arrastando a cachorrinha, enganam o povo e enchem a burra de dinheiro.
- Quando acabar, vem tudo falando paulista, com a conversa bonita, falando de progresso.
- Progresso sem educação, sem policia, sem médico.
- E ainda por cima trazem de rebarba uns ladrõezinhos safados que nem você.
Seu Toinho empunhava sua peixeira e avançava contra o assaltante que não sabia o que fazer, estava tão confuso com a situação que resolvera fugir.
- Corra covarde!
- Nota-se logo que não é um santaluziense, pois nós não fugimos a luta.
- Meus antepassados foram capazes de enfrentar o exercito holandês, quanto mais um xibungo desses, corra forasteiro frouxo.
O povo vendo aquele alvoroço correu até a venda de seu Toinho, que mais parecendo um soldado em dia de batalha empunhava sua 12 polegadas como se fosse uma espada.
- Seu Toinho o que houve aqui?
- Um desses cabra safados de brinco na orelha tentou me roubar.
- Forasteiro sem vergonha, pois um descendente macho de santaluziense não usa brinco.
- Vixi. E o senhor reagiu? O senhor é doido?
- Não, sou macho, filho da terra, santaluziense de coração.
- Aqui num é lugar de cabra safado.
- Se vem pra cá, seja homem, honre as calças que veste.
- Vixi santíssima, o senhor vai aonde com essa faca na mão seu Toinho?
- Vou aproveitar a maré e riscar a ponta da faca na porta da câmara e na prefeitura pra ver se boto mais uns dez desses forasteiros safados pra correr.
* Em homenagem a todos os verdadeiros filhos de Santa Luzia do Norte, sejam eles naturais ou de coração. Aos que amam ou amaram verdadeiramente essa terra, em especial: Amaro Romeiro, Antonio Rodrigues de Lima, João Alves Pontes e Antonio Romeiro de Lima.
D. Fernando
Que bom seria se todos os verdadeiros santaluzienses armasem-se das armas mais diferentes de que pudessem dispor,para botar pra correr os forasteiros safados que tiram proveito dessa Terra. Pena que tem aqueles que aliam-se à eles.Valeu D.Fernandes!
ResponderExcluirÁurea Maria de Lima Pontes.(santaliziense de nascimento e de coração)