sábado, 14 de maio de 2011

Meus escritos tortos

Nessa postagem estão todas as poesias escritas por mim e que foram publicadas aqui no blog. De uma hora para outra me deu vontade de ler todas de uma vez, então resolvi postá-las novamente num bloco só.


Porteiras

Tem porteiras nas entradas da cidade
Pelo menos é o que parece
Encurralados feito gado
Apagando feito o sol quando anoitece

Sente frio
Se abraça logo aquece
Sente vontade
Fecha os olhos logo esquece
Sente dor, passa fome e adoece
Povo sem brio, esquecido - tem o que merece

Tem porteiras nas entradas da cidade
Pelo menos é o que parece.
D. Fernando


Crônica

É uma doença crônica, não tem cura.
Alguns sentados à sombra, bebendo água purificada.
Tantos sentados ao sol, sem água no pote...
Na secura.


D. Fernando

Velho sábio

Sigo os conselhos desse velho sábio.
Sigo as rosas ao longo do caminho.
Sigo de olhos fechados.
Sigo descalço, na velha estrada de espinhos.

D. Fernando
Prisão sem muros

Preso numa prisão sem muros.
Em lugares escuros, escondo o meu coração.
Sozinho numa velha estrada.
Alma penada, penando sem direção.

Perdido, jogado do avesso.
De frio estremeço, na solidão.
Escrevo algo sobre o mundo.
No sono profundo, na contramão.

D. Fernando

Sem nada

Caminhar sozinho às vezes é bom
Sem destino, sem caminhos a seguir
Sem amigos, sem parada

Só um sorriso no rosto
Pés descalços na velha estrada
sendo um só, sem nada

D. Fernando
O vôo da águia

Mergulha de olhos abertos.
Sente o vento no rosto.
Abre as asas, corpo ereto,
Dorso exposto, no ar.

Voa livre
Voa alma
Voa longe
Voa águia
D. Fernando
 
Sonhos no escuro

Às vezes procuramos sonhos no escuro
Olhando de nossas janelas
Só vemos as sombras que cruzam
O caminho de nossa alma

Insistimos em desenterrar
Pesadelos mortos que já
Não fazem nenhum sentido

Não sei viver com o coração partido
E com lágrimas nos olhos
Às vezes o coração
Quer algo que não se pode
Simplesmente tocar com as mãos

D. Fernando

Prisioneiro

Prisioneiro de um estado de dormência
Tão intenso que nem conseguia pensar

Seguia um caminho sem volta
Por entre paredes que delimitavam
Uma estrada que levava a lugar nenhum

A luz apesar de intensa
Ficava a cada passo mais distante

Outro passo a frente
De repente o vento contra a minha face
Se torna mais forte

O frio congela o medo
Me vejo em queda livre
Até ouvir sua voz me chamar

Quebrando de vez o encanto
Do seu olhar.

D. Fernando